segunda-feira, 1 de novembro de 2010

ARTV, uma forma de aproximação dos jovens à política

por Nuno Pereira*

Em primeiro lugar quero agradecer ao Tibério o convite que me fez para, mais uma vez, escrever para o In Concreto. Dou também os parabéns por mais um aniversário que este blogue celebra. O In Concreto nestes anos tornou-se num espaço importante de debate na internet açoriana.

Desta vez introduzo no meu tema dois temas que me apaixonam: Política e Televisão.

Hoje, infelizmente, são elevados os níveis de abstenção em Portugal. Nem todas as medidas adoptadas de combate a esse facto são sempre as mais eficazes. A Assembleia da República tem meios de comunicação próprios que podiam ajudar neste combate árduo. Em simultâneo, embora os jovens não sejam totalmente desinteressados pela política (como alguns dizem por aí e até chegam a apelidar a actual geração de “geração rasca”) podiam adoptar algumas medidas para motivar a aproximação de mais jovens à vida política do nosso país.

Nos últimos 5 anos esteve muitas vezes em cima da mesa o facto da grande maioria dos jovens não participarem na política activamente, ou mesmo não se interessarem por política. Umas e outras medidas foram tomadas. Relembro uma actividade desenvolvida pelo Conselho Nacional da Juventude no âmbito das últimas eleições europeias designada de “Tu na Europa” que a meu ver foi muito bem executada. As juventudes partidárias também trabalham neste âmbito desenvolvendo iniciativas importantes, como o caso do “JS on Tour” muito bem desenvolvido pela JS Açores.

Neste momento a Assembleia da República, tem sob sua gestão um canal chamado ARTV que eu de certa forma percebo a sua existência mas não percebo em que modelo se baseia a estrutura do canal.

Como estudante de Ciência Política que sou e porque os assuntos políticos interessam-me, até vejo muitas vezes o canal quando estão em debate assuntos interessantes na nossa Assembleia da República. Nesta emissora temos, na maioria do seu tempo de antena, exibição de anúncios (muitos deles que enganam os telespectadores) quando este canal podia, e bem, ser melhor aproveitado para divulgação dos assuntos políticos do nosso país, assim como para aproximar os jovens ao mundo da política.

Durante o Verão o canal fica com a sua emissão fechada e só reabre em Setembro. Porque não repetir debates neste período de tempo? Porque não aproveitar este tempo para se fazer “um apanhado” de tudo o que foi debatido durante os últimos meses? É precisamente na época em que a grande maioria dos jovens portugueses estão em casa que este canal fecha.

A ARTV podia e pode ser melhor. Muito melhor! Independentemente das férias parlamentares e outros períodos em que não há plenário, a ARTV podia ter programas de debate, de entrevista, de cultura geral, assim como espaços de informação diária. Podia ser um canal independente da RTP e das caras da informação da RTP (pois por lá costumo ver a jornalista Isabel Damásio). A ARTV, pelo seu importante papel de difusão do debate numa das mais importantes estruturas do Estado, a Assembleia da República, devia ser um canal nacional de informação em sinal aberto e que enquadrasse na sua grelha de programação todos os plenários, reuniões ou outros eventos políticos importantes de interesse nacional. Também podia ser um meio de transmissão dos discursos do nosso Presidente da República, embora estes por vezes sejam desnecessários, envoltos de um secretismo que não se percebe, que se traduzem num atirar de areia para os olhos e que levam a parecer que vai cair uma bomba em Portugal.

Pode haver jovens que não se interessam mais por política por não gostarem das entrevistas do Mário Crespo, das conversas de Judite de Sousa, por acharem massivos os debates da Fátima Campos Ferreira ou por não gostarem dos temas abordados por Constança Cunha e Sá. Eu não sou um desses jovens mas pode haver quem seja assim! Quem melhor que jornalistas novos, com alguma experiência, para cativarem outros jovens? Acho que é necessário sangue novo, um canal com caras novas, em início de carreira, a abordarem estes temas e a tratarem-nos de uma forma que provoque estímulos na juventude que está a assistir mas também de uma forma que estes percebam os temas e as propostas e depois sejam eles próprios a iniciar as suas conversas, os seus debates sobre política numa mesa de um café com um amigo ou no bar da escola com os colegas. Esse canal pode ser a ARTV.

*Nuno Pereira, estudante de Ciência Política no ISCSP.

**Texto publicado no blogue In Concreto

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